In Ser



Em face rubra

chora o canto, mira um verso

no olhar distante

no instante em que a saudade corta

e não promove paz..

não há sentido nem amor..

não há doces livros nem poemas postos..


Esse é o reino e a negação

é assim que se posta, fria..

e convive consigo mesma

em sua incoerência.


Aproximar de si,

mesmo que pobres sejam os seus gestos,

e o seu desprezo,

não por ela, mas por sua lassidão:

doce, dormente e morna..

e traduz ser gostoso do ser assim e estar:

quase morta, em passos cotos e febris..

e quase louca e misteriosamente leve em seu próprio tempo.


Em si quase nada se fecha ou se perde,

por mais que as dores cessem ou a abandonem,

a sua tépida existência se contradiz,

à tez do seu próprio destino.


E de si sobre o tempo e a vida,

vai contando os seus descuidos,

placidamente viva.



Malibe, 13 de agosto de 2008.

imagem.net

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